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O
QUE É O FUTURO? Que questões levanta? Que respostas podem
ser dadas neste momento? Que legitimidade existe para o antecipar?
Este conjunto de preocupações ganham uma pertinência particular
num ano que tem a carga simbólica e a configuração mágica
de 2001.Mas
assumindo que uma Capital Europeia da Cultura é um bom pretexto
para ir mais além do que o habitual, decidimos desafiar o
tempo e precipitar o encontro com aquilo que surgiria depois
do futuro, o pós-futuro, ou “o futuro do futuro”. Para o conseguirmos,
associámo-nos a várias instituições científicas e culturais
da cidade, criando uma rede de temas e personalidades provenientes
das mais diversas áreas do saber e da acção que, tendo estado
associadas à criação de múltiplos futuros, pudessem corporizar
esse desejo de passagem. A partir de uma inicial dispersão
temática, identificámos 10 linhas que remetem imediatamente
para um plano de metro. Estas linhas (do genoma, do corpo,
da técnica, da consciência, da ética…) identificam um conjunto
de questões que, além de estarem na ordem do dia, criam a
ordem do dia. Além disso, e para assegurar a sua eficiência,
cada linha conta também com um maquinista (moderador) que
dá sentido (orientação) a um conjunto de estações, impedindo
o descarrilamento da discussão. Este novo sistema de mobilidade
(o pensamento é o veículo mais rápido para circular numa Capital
Europeia da Cultura) passa pelo pressuposto de que “o futuro
do futuro” é o lugar de todos os encontros e de todas as passagens.
E a sua organização em rede, que acaba por simular também
a própria organização do sistema nervoso central (o local
onde a matéria se transforma em pensamento), funciona como
uma curiosa metáfora sobre a cidade e o conhecimento, ou de
outra forma, o Porto em 2001.
Paulo
Cunha e Silva
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