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18.05
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21h30
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JORGE
CRESPO
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ANTÓNIO
BRACINHA VIEIRA
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BAG
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| O
Corpo, a Diferença |
| Nos
inícios do século XIX, os corpos da maioria da população portuguesa
não só se submetem aos rigores de um policiamento cada vez mais
estreito mas, também, são remetidos para zonas de distanciação
que permitem a observação, a intervenção da técnica e da ciência.
Para o efeito, são considerados corpos diferentes que sugerem
a brutalidade, a miséria, a sujidade e o vício, enfim, a doença
e a morte. A estratégia é facilitada pelos esforços de distinção
e de refinamento das maneiras de agir experimentadas por uma
minoria que vive na cidade, no quadro do processo de civilização,
e que necessitava, para sua legitimidade, de uma oposição. O
outro mantinha-se próximo mas, cada vez mais, afastado sob o
ponto de vista cultural; não era o outro que se revelava nas
descobertas dos séculos XV e XVI, suscitando curiosidades sem
fim, mas os “novos selvagens”, que mereciam o desprezo, inquietantes
e ameaçadores por lembrarem, afinal, as nossas raízes, afectando
a construção de nós próprios e denunciando, a cada passo, a
vulgaridade dos corpos. Nesta linha, a transformação dos corpos
vai ser possível na medida em que o outro se torna diferente
e, assim, susceptível de educação, facto que está na origem
das ambiguidades que se aprofundaram, até ao momento presente,
fonte de equívocos que não facilitam as relações humanas. |
| Jorge
Crespo
é Professor Catedrático da Faculdade de Ciências Sociais
e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e, desde 1996,
Director desta Faculdade. Exerce funções docentes na licenciatura
em Antropologia, no âmbito da História Económica e Social.
É também responsável do Centro de Estudos de Etnologia
Portuguesa (unidade de investigação da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa) e Director
da revista Arquivos da Memória, publicação deste Centro
de Estudos. Das publicações referem-se, entre outras,
as seguintes: “A «arquitectura» do Corpo em Portugal na
transição do século XVIII para o século XIX”, Boletim
da Sociedade Portuguesa de Educação Física, nº5/6 Verão/Outono,
1992, p.p. 167-190; A História da Corpo, Colecção Memória
e Sociedade, Editora Difel, Lisboa, 1990; “Médicos e Curandeiros
em Portugal, nos finais do Antigo Regime”, Estudos de
Homenagem a Ernesto Veiga de Oliveira, Instituto Nacional
de Investigação Científica Centro de Estudos de Etnologia,
Lisboa, 1989, p.p. 101-102; “A Civilização do Jogo. As
Transformações do Elemento Lúdico em Portugal (Século
XVIII-XIX)”, Revista de História Económica e Social, nº
25, Janeiro Abril, 1998, p.p. 1-13; Vitorino Magalhães
Godinho, Portugal e os Portugueses, Editora Fórum, Lisboa,
1988; “Os Jogos de Fortuna ou Azar em Lisboa em Finais
do Antigo Regime, “Revista de História Económica e Social”,
nº 8 Julho Setembro, 1981, p.p. 74-94; “A Alimentação
no Colégio Real dos Nobres de Lisboa (1766-1831)”, “Revista
de História Económica e Social”, nº 7, Janeiro Junho,
1981, p.p. 93 110 (em colaboração); “A Construção do
Corpo do Outro (séc. XV-XVI)”, Revista Arquivos da Memória,
Setembro, 1996, CEEP, Lisboa, p.p. 7-22. |
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António
Bracinha Vieira
tem cinquenta e nove anos. Nasceu em Lisboa, onde estudou
medicina, vindo a especializar-se em psiquiatria. Há
cerca de vinte anos, doutorou-se e agregou-se à Faculdade
de Medicina de Lisboa, e aí regeu a cadeira de Psicopatologia.
Desde 1970 interessou-se por etologia, cujos princípios
tentou aplicar às ciências humanas (Etologia e Ciências
Humanas, IN / CM, 1983). Foi fundador da Sociedade Portuguesa
de Etologia e seu primeiro presidente. Convidado pela
Universidade Nova de Lisboa, começou a leccionar na
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas em regime de
colaboração e, a partir de1990, como professor do quadro.
Tem ensinado, na área disciplinar da antropologia, comportamento
e evolução humana, investigando nestes domínios (Ensaios
sobre a evolução do homem e da linguagem, Fim de Século,
1995). É professor catedrático desde 1992. Rege cadeiras
de antropologia biológica e participa no ensino pós-graduado.
Em paralelo com a actividade universitária, trabalha
em literatura. Publicou sobretudo livros de ensaio e
ficção, assinando-os com o nome de António Vieira: Discurso
da ruptura da Noite (1976); A fenomenologia da criação
artística em Mário Botas (IN / CM, 1983); Doutor Fausto,
romance (IN / CM, 1991); Ensaio sobre o termo da História
(Hiena Editores, 1994); Metamorfose e jogo em Mário
de Sá-Carneiro (& etc, 1997); Tunturi, novela (& etc,
1998); Dissonâncias, contos (& etc, 1999); O regresso
de Penélope, romance (Colibri, Junho de 2000).
Integrado
no Ciclo "Os outros em Eu" /IPATIMUP, BIAL
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