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conferencista
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14.10
17h00
ANTÓNIO DAMÁSIO
MARIA DE SOUSA
EUROP
Emoção e Consciência
Depois de ter recebido uma assinalável atenção por parte da comunidade científica durante o século dezanove, a emoção foi relativamente relegada durante o século vinte. A negligência por parte das neurociências surpreendeu particularmente. Contudo, recentemente, os neurocientistas começaram a avançar no conhecimento dos mecanismos neuronais que estão por detrás da emoção e na definição do âmbito do ciclo do sentir emocional. Elucidar a sua neurobiologia é essencial para compreender e tratar numerosas doenças neurológicas e psiquiátricas caracterizadas por alterações do afecto. Ao contrário do que se pensa, a emoção é um dos aspectos da mente que mais se dispõe a ser estudado cientificamente. Para além disso, a emoção não é um luxo: é uma expressão dos mecanismos básicos de regulação da vida, desenvolvidos durante a evolução e indispensáveis para a sobrevivência. A emoção e o sentir desempenham um papel fundamental em virtualmente todos os aspectos da aprendizagem, do raciocínio e da criatividade. Quiçá surpreendentemente, também desempenham um papel na construção da consciência. Nesta palestra, António Damásio apresentará um esquema teórico que coloca a emoção e o sentir numa perspectiva evolutiva e discutirá os seus papeis biológicos na homeostasia e na consciência. Em seguida, fará uma revisão de novos resultados de estudos funcionais e em lesões, que apoiam alguns aspectos do esquema apresentado.
António Damásio, Professor e Chefe do Departamento de Neurologia na Universidade de Iowa e Professor Adjunto do Salk Institute, tem tido grande influência no conhecimento das bases neurológicas da tomada de decisão, emoção, linguagem, memória e consciência. Aborda problemas críticos da neurociência básica da mente e do comportamento humano, ao nível dos sistemas complexos, apesar de as suas pesquisas terem abarcado também as Doenças de Parkinson e de Alzheimer. Os laboratórios, que ele e Hanna Damásio (neurologista distinguida independentemente pelos seus trabalhos em neuro-imagem e em neuro-anatomia) criaram na Universidade de Iowa, lideram a investigação sobre a cognição, estudando quer as lesões quer o modo de funcionamento normal, por análise das imagens do cérebro. António Damásio é membro do Institute of Medicine of the National Academy of Sciences; é fellow do American Academy of Arts and Sciences; é membro da European Academy of Sciences and Arts e da Royal Academy of Medicine in Belgium; é membro da American Neurological Association e da Association of American Physicians, e é membro do corpo editorial de famosas revistas cientificas na área das neurociências. Recebeu numerosos prémios científicos e deu algumas das mais prestigiadas palestras aqui e na Europa. O seu livro “Descartes’ Error: Emotion, Reason and the Human Brain” (Putnam, 1994) é ensinado em várias universidades do mundo inteiro. O seu recente livro “The Feeling of What Happens: Body, Emotion and the Making of Consciousness”, publicado pela Harcourt Brace, recebeu vários prémios e acabou de ser publicado em novo formato.
Maria de Sousa nasceu em Lisboa (Portugal). Formada em Medicina, doutorada em Imunologia, foi Leitora na Universidade de Glasgow (Escócia) e na Escola de Estudos Pos-Graduados de Cornell Medical College, enquanto Membro e Directora do laboratório de Ecologia Celular no Instituto Sloan Kettering para Investigação em Cancro (SKI), em New York (EUA). Actualmente é Professora Catedrática do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto (Portugal). Para além de alguns artigos científicos cruciais à definição da estrutura funcional dos orgãos que constituem o sistema imunológico, descobriu um fenómeno a que deu o nome de ecotaxis em 1971 . Ecotaxis designa a capacidade de células de diferentes origens migrarem e organizarem-se em áreas bem delineadas dos orgãos linfoides periféricos. Um postulado ulterior levou a estudos do sistema imunológico em doentes com uma doença genética de sobrecarga de ferro. Celebra nesta conferência, com a Porto 2001, os 30 anos da sua primeira descoberta e a constituição de uma equipa de investigação nova com contribuições originais no campo da hemocromatose entre três instituições da Universidade do Porto: o Instituto de Ciências Biomédicas, O Hospital Geral de Santo António e o novo Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC). Tem dedicado a sua vida académica à constituição de um Programa Graduado transversal em Biologia, com as Faculdades de Medicina e de Ciências. É autora de um livro sobre a circulação de linfocitos “Lymphocyte Circulation” (Wiley & Sons, 1981) e co-editora de um livro sobre o ferro, cancro e imunidade, “Iron Cancer and Immunity” (Wiley & Sons, 1985). Recentemente a sua equipa contribui com 3 capítulos para um livro de textos sobre Hemocromatose, “Hemochromatosis”, eds. J Barton and C Edwards, Cambridge University Press, 2000.